Vítor Gamito anuncia regresso ao ciclismo de estrada
A primeira reacção será: o homem endoideceu de vez!
A 19 de Maio de 2004, dei por terminada a minha carreira de ciclista profissional. Um exame cardiológico de rotina detectou um bloqueio aurículo-ventricular de 3º grau. Muita tinta correu nessa altura sobre este caso, mas a sentença passada pelo centro de medicina desportiva de Lisboa, foi mesmo de “inapto para a prática da modalidade”.
Foram cerca de 15 anos e mais de 600 mil quilómetros de dedicação total ao ciclismo, durante os quais consegui mais de 50 vitórias. Mas sentia-me ainda capaz de continuar por mais uns anos ao mais alto nível. Tive que desistir da minha paixão, do meu sustento, de forma repentina e não planeada.
Entretanto fui director desportivo de uma equipa profissional, fui responsável pela comunicação de outra, mas poucas vezes me sentei em cima de uma bicicleta durante 3-4 anos.
Entretanto, por influência de amigos, comecei a fazer BTT, primeiro de uma forma discreta, mas pouco a pouco comecei a despertar o bichinho adormecido dentro de mim.
A adrenalina e a exigência dos treinos levaram-me novamente a níveis de condição física que não esperava alcançar, sobretudo aos 43 anos de idade. Nos últimos 3 anos, participei em mais de 100 eventos de BTT, dos quais, duas Transportugal Garmin Race, um Craft Bike Transalp, um Milenio Titan Desert, um Douro Bike Race, dois GeoRaid e um Brasil Ride, ainda que incompleto.
Ainda há tantas aventuras em BTT que poderia ambicionar!
Mas quero mais! Qualquer prova de BTT que resolvesse fazer agora não seria muito diferente de todas as que já fiz! O nível competitivo é muito semelhante em quase todas elas.
Mas porquê a Volta a Portugal?
Por muitos e os mais variados motivos.
Quero testar os limites do meu corpo. Físicos e psíquicos! Existem provas de BTT fisicamente mais exigentes que uma Volta a Portugal, mas o nível competitivo, a pressão e o stresse de uma Volta estão muito acima de qualquer aventura em BTT que possa vir a fazer!
Quero demonstrar, a todos os que dizem que já estão velhos para fazer o que quer que seja, que havendo força de vontade, dedicação e determinação, a idade não é impedimento para atingirmos os nossos objectivos. Na próxima Volta a Portugal estarei com 44 anos!
Quero voltar a sentir o carinho do público, dos amigos, dos fãs, sentir a emoção e a adrenalina das chegadas, das subidas, dos contra-relógios.
Quero comunicar. Coisa que pouco fiz nos meus tempos de profissional. Quero mostrar a todos os fãs e simpatizantes do ciclismo, o que é necessário para enfrentarmos uma Volta a Portugal. Nada a esconder. Os treinos, a alimentação, os sacrifícios. Serão 3 a 4 meses de preparação a tempo inteiro para a prova rainha do ciclismo nacional.
Quero fazer uma despedida digna e condigna do ciclismo de estrada, aquela que me foi impedida há 9 anos.
Mas, e posso fazer a Volta a Portugal? Então e o tal problema cardíaco que me foi diagnosticado em 2004?
Depois do exame que detectou o tal bloqueio, já fiz muitos outros iguais, e em todos eles os resultados foram impecáveis.
Vou deixar de viver a minha vida por causa de um exame já com 9 anos?
Por isso, caso eu passe nos exames necessários para me darem a licença desportiva, não existe outro impedimento para que possa competir em profissional. Não existe limite de idade para tal.
Em termos de apoios, já tenho alguns dos mais importantes. O da família, o da GoldNutrition e o da Federação Portuguesa de Ciclismo, na pessoa do seu presidente, Sr. Delmino Pereira.
Falta o apoio dos fãs e a resposta positiva de uma equipa portuguesa que me queira nas suas fileiras para enfrentar a 76ª Volta a Portugal em Bicicleta.
Mas entretanto gostava de contar com o teu apoio. Se gostarias de me ver novamente na Volta a Portugal, partilha com os teus amigos esta mensagem. Quero saber, quantos dos cerca de 19.000 seguidores aqui no Face, me apoiam nesta aventura